Embreagada num quarto de hotel,
tateando o móvel pra achar meus óculos.
Desnorteada, pele grudenta, fios de cabelo grudados nas costas. Suor.
Tem alguém na cama, seguramente você.
Descubro um feixe de luz, deve ser o banheiro.
Azuleijos amarelados, hotel vagabundo, a pressa era tão grande?
- Ei, acorda! (toques)
- hmmm
- Acorda (subo na cama, pontapés)
- o que cassete você quer?
- Tem remédio pra dor de cabeça?
- tem um revolver na necessáire.
- vai se danar.
- Trouxe algum dinheiro?
- hmmm
- Trouxe dinheiro?
- por que você não dorme, vadia? Deve ter alguma coisa dentro do meu sapato.
É sobre você que eu percebo que não há nada que nos una, até um plástico sem cheiro nos distancia,
você fica o tempo todo de olhos fechados e eu curvo meu corpo para trás.
Por que nos unimos?
Pra quê aquela festa?
Era só sobre necessidade.
Cola.
Cola Branca.
E se você disser "eu não gosto" eu vou gostar do oposto.
Se eu não sentir teu gosto e morro.
Com peito em brasa, em fogo, inconformo.
Pra cima! AGORA!
- O que é isso, "disvingindade literária"? dorme biscate, amanhã tem mais.