Incendeio ( Honey Moon )



Embreagada num quarto de hotel, 
tateando o móvel pra achar meus óculos. 
Desnorteada, pele grudenta, fios de cabelo grudados nas costas. Suor.
Tem alguém na cama, seguramente você. 
Descubro um feixe de luz, deve ser o banheiro. 
Azuleijos amarelados, hotel vagabundo, a pressa era tão grande?
- Ei, acorda! (toques)
- hmmm
- Acorda (subo na cama, pontapés)
- o que cassete você quer?
- Tem remédio pra dor de cabeça?
- tem um revolver na necessáire. 
- vai se danar. 
- Trouxe algum dinheiro?
- hmmm 
- Trouxe dinheiro?
- por que você não dorme, vadia? Deve ter alguma coisa dentro do meu sapato. 

É sobre você que eu percebo que não há nada que nos una, até um plástico sem cheiro nos distancia, 
você fica o tempo todo de olhos fechados e eu curvo meu corpo para trás. 
Por que nos unimos?
Pra quê aquela festa?
Era só sobre necessidade. 
Cola. 
Cola Branca. 
E se você disser "eu não gosto" eu vou gostar do oposto. 
Se eu não sentir teu gosto e morro. 
Com peito em brasa, em fogo, inconformo. 
Pra cima! AGORA!

- O que é isso, "disvingindade literária"? dorme biscate, amanhã tem mais. 


Engastado.



"Dois que são um, que já era dois antes de ser um." Confesso que é a concordância mais confusa e mais bonita que ouvi, porque já virou dois antes do termino da frase, porque ‘são’ é plural, mas é que eu tenho essa mania de querer que as flores durem, me esquecendo de que não existe mais raiz.

Tenho sofrido em doses altas, nessas telas finas de pelugem giz.  Eu era um sujeito um bocado agradável, era antes de enterraram meus ídolos e afastaram-me os sonhos. Privaram-me inclusive, o direito de querer estar sozinho a maior parte do tempo. Pois, malditos sejam os pássaros que não cantam durante a noite!

Sou maquina rotativa cortante, não flexível, não adequado, algo cujo criaram sem ter um encaixe. Um caso de catálise, um emaranhado de inexistência, e eu apodrecendo dentro de um caixão enferrujado; Estou na época errada, estou na época errada, estou sobrevivendo na época errada – Gritava, cheio de acúmulos. Balões na cabeça e pedras nos ombros, eu ainda não havia encontrado um tempo certo, ou Chronos havia alterado o meu tempo.

Tenho bons discos, bons livros, filmes, ideais a defender, sou de poucos amigos, nenhum vicio, [eu] talvez seja um pouco difícil, um pouco muito sozinho, talvez poético, descartável, de baixas perspectivas e poli. Escrevia sobre imoralidade e a falta dela, sobre quem sou hoje e o que queria ser amanhã. Tinha mania de diminuir-me, listas de problemas intermináveis, um brilho que imitava verniz, a harmonia do silêncio, caixas e mais caixas de convites de aniversário que me recuso a ir, muito de insônia e poucas garrafas cheias, jogos de dominó de diferentes cores, mãos fazias, frio e calculista, nenhum opositor.

Quando me contaram sobre a vida, esqueci-me de perguntar como vivê-la. Tomei um banho de porre, depois disso a vida continuou.

Amarga

Tanto faz se dói ou não, tanto faz se machuca, o que importa é abrir a porta, desembainhar a dita cuja, a passageira e ferina, a destruidora assassina, o que importa mesmo é ver sangrar, corroer, doer.
O que importa é falar a primeira coisa que vier na cabeça sem se importar com o que o outro vai dizer de volta, por que sim, se imagina que a pessoa também tenha algo em mente.
Importa é maquinar o mal, é imaginar o que a pessoa está imaginando, importa tirar conclusões precipitadas e ficar chateado se outra pessoa fizer isso com você.
Vale é ter um discurso pronto. Quem ta livre se defende ali, na hora, sem textinho. Sem frases feitas (talvez algumas). Quem se prende, enrola e mente tem que ensaiar diversas vezes em casa o que vai dizer, como, pra quem e em que tom, e suprimir ou acrescentar detalhes dependendo da pessoa pra quem se conta, vale para o espelho também. Tem que passar e repassar, como o bom mentiroso que é, de língua tão cortante, quase espadachim. Vamos lá, acabe com alguém.
Fale mesmo, não se pondere, minta, atue, grite e invente coisas horríveis sobre pessoas que você mal conhece. Destrua, bombardeie e morra de uma bala certa na próxima esquina.

Si-ume.


Era só mais um garoto daqueles que buscam o auto-conhecer, o entender do seu eu mais íntimo. Dessa sua busca, lhe foi revelado o amor dentro de si, de uma maneira pura e límpida.
O tempo corria enquanto todo dia ele jogava pedras no lago verde atrás da sua casa, e à medida que o amor inócuo dentro dele crescia, as pedras quicavam mais vezes na água. Ele conseguiu o recorde impressionante de quinze quicadas numa só sacada! Ele amava muito e sabia bem disso. O que ele não sabia, é que a Dama do Lago de tanto deparar-se com sua face inocente e amável, se apaixonara de tal modo por ele, que por inveja da direção que tomava seu amor, não mais deixou suas pedras quicarem no lago.
O garoto então não sentava mais fronte à Dama do Lago, no lugar onde descobriu o amor e aprendeu a amar mais a cada fim de tarde. O que Ela não sabia, é que aquilo que transparecia na inocência do menino apontava vetorialmente para ela.

Desvio de Déficit de Atenção.

Eu queria não falar de dor e destruição, queria mesmo não viver guerras e conflitos existenciais. Caramba, eu já saí dessa adolescência aí (ou será que não?)
O real é que a gente nunca cresce. Não por não querer, mas por que sempre fica aquele restinho de medo de alguma coisa.
Não é não querer falar de dor, é não querer sentir, mas acho que o que machuca mesmo é não sentir nem isso.
É depois de uma luta, ver a pessoa ou a situação e notar que não valeu a pena.
Não valeu nada.
Não queria ser como o universo, a toda hora descobrindo algo novo e apagando outras coisas da história. Onde já se viu, Plutão não ser mais planeta?
Onde já se viu, me amar e ir embora?
Onde já se viu? Sedna é um planeta agora! Aquela bostinha sem cor, flutuando no universo, agora é tratada com a mesma majestade de um Urano ou Saturno mesmo.
Aquela coisinha sem graça agora tem uma alcunha melhor que a minha!
Do que eu tô falando?
De planetas, ora. De mundos, cabeças.
Eu sofro de desorganização cósmica.

Flor .


Sem mais delongas o tempo me trousse você, o vento inspirou o teu perfume e o destino me apresentou o teu sorriso. É como encontrar a felicidade e te sentir tão juntinho mesmo que a matéria esteja distante, só em buscar na memória teus carinhos todos os meus sentidos se aguçam e demonstram minha aura de mãos dadas a tua. Todas as manhas, assim como o céu nos deslumbra com suas noites estreladas, você, me encanta com sua sutileza de desdenhar esses sentimentos singelos e profundos. Meus pensamentos estão voltados a você, toca-me com tuas palavras, ditas em vários tons. Não posso pedir para saciar-me de teus beijos, como um fundamento preciso de você em minha jornada, quando amanho teu amor com toda minha alma me sinto completo.
Se um dia minha visão não mais enxergar a luz, você estará ali e me mostrara o ápice de um amor perfeito. Sonho em te ter por toda vida, como numa dança, um par, um casal, companheiros, cúmplices, amigos, amantes, marinho e mulher, Pai e Mãe! Aperta-me dentro de teu coração, respiro teu perfume inalando tua sensualidade e hipnotizo-me. De um futuro incerto a um presente perfeito, me vejo feliz, e saliento que a mais por vir. De ante disto, ó tão esplendorosa flor, me atrevo a disser que maior felicidade nunca sentir.      
    “Eu te amo” 

. Molde


O que dizer?
Eu tenho você, não, na verdade eu não tenho, mas você está dentro, como parte de mim, então eu tenho. Você é meu e deve saber, os tremores e suor frio indicam isso, não há como esconder. O que eu tenho é uma bosta de coração em reforma.
O que fazer?
Não possuo você, quer dizer, fisicamente eu não possuo você. Fiz um pacto com aquela tal deusa, a da noite. A deusa do nosso refugio, do nosso pacto, do nosso sangue que ferve igual. Você sabe dessas coisas, por que não vem? Britadeiras no juízo.
Eu vou mudando, me adaptando a viver com o pouco de você, o que quase não vem de você, o quase nada. Sem você. Só o restinho, como receber sua dor através do contato e secreções.
O que dizer? Eu dependo da sua dor, a dor nos acostuma e nos alerta, tem seu lado bom, percebo que estou viva. Com cortes, fome e borboletas na alma. Belas demais. Colando que só cimento puro.
O que fazer? Vou me mantendo, mudando.  Eterno desejo de esquecer você e lembrar, na verdade eu só te queria sem ter que sofrer tanto. Sem reboco forçado, sem areia. 



Eu faço. Vou mudando. 

Tua Doença


A vida nos pede decisões a todo o momento espontâneo ou não, grosseiro ou singelo devemos apenas seguir a regra do jogo, que é uma só, decidir. Você crer se achar uma muralha para alguém, mas no fundo és apenas uma mera bancada frágil, de madeira e ao relento das tapas do destino. Já desistiu varias vezes, ou melhor, você é uma desistência. O real intuito de sobreviver é ser forte, suportar a angustia, mastigar a solidão e cuspir o monstro que se tornou. Pedir apelo às palavras não vai adiantar elas já não falam mais por ti, o sonho perfeito que um dia teve acordou e se deparou com um fracasso que como uma bola de neve rolou e se encheu de pedregulhos. Pedrinhas como erros, desilusões, medos, descontroles, mentiras que criaram uma doença, levando ao suicídio de sua esperança. Não estas seguindo a regra, está ai, correndo a traz das borboletas e esqueceu de cuidar do seu jardim. O tempo não vai guiar você, nem muito menos levar você pra um lugar calmo, pacato, simples. O que vai encontrar serão escombros, entulhos de lixo de um passado que nunca viveu, por que não continuou. Pessoas fortes não existem o que existe são pessoas perseverantes, que acreditam que, o limite é passageiro, mas a desistência é para sempre!

Lacrimejar


Evoluir, crescer e desenvolver é necessário.
Mudar muitas vezes significa regredir
A vida muitas vezes te deixa preso a coisas sem valor
Pessoas imundas, sorrisos corriqueiros.
Mentiras efêmeras e vulgares
Sentimentos que nunca existiram
Sonhos e planos de pura imaginação infantil.
Sentir a liberdade, o sorriso de verdade te volta ao rosto.
O mundo te sopra bons ventos
A brisa que ressoa é esplendida
O empecilho que ouve agora se faz cinzas
Criar sue próprio modo de ser
Viver de mascaras? Coisas para ratos
Ratos que voltaram para o seu porão
Com seus entes queridos
Ratos, ratos, ratos!
Imundos, medíocres, fracos
Frios, improfícuos, pútridos.
Os meus olhos que um dia foram tapados
Agora ouvem
Minha boca que um dia se fez muda
Agora pode sentir
Meus ouvidos que um dia surdos
Agora veem.
Sinta-se liberto
Sagaz, feroz, simples e tenebroso.  

Unsemdois



O medo do escuro, o vazio da solidão, a voz do coração, o lapso do tempo, o descanso do relógio, a quebra do compasso, o barulho da ventania, a loucura no pensamento, o ódio e o perdão. A fuga da realidade, o contraste do horizonte, a diferença das nuvens, o silêncio de Deus, a magia da imaginação, o sussurro amigo, a vingança e a coragem,  o amor ou a paixão?

Os primeiros erros, o encontro das águas, o silêncio das estrelas, os sinais de fogo, os esquadros de Calcanhoto, a lua cheia, a alegria de Caetano. A formular do amor, a duvida no infinito, a lógica de ser, o desgosto no choro, o oposto de todos,  o eco da fome, o grito interno, a esperança biforme, o egoísmo exuberante, a razão sem fé, a fé com razão, as linhas transversais, a miragem óptico, os longos passos, a discórdia, a rua, a casa, o papelão.

Crônicas de Caeiro - Homossesualismo


      Na minha época, já existiam gays, na verdade essa ideia de que gay é uma criação do século XXI é pura idiotice, existiam gays na Grécia antiga, Roma, Síria, no povo asteca, nos maias, até na cidade estado da Grécia conhecida como o lugar onde existiam os melhores guerreiros de todos os tempos, sim, existiam gays também em Esparta. Como qualquer máquina o ser humano também veio com defeitos, seria hipócrita da minha parte achar que estava predestinado a existir gays, mas seria ainda mais se dissesse que defeitos devem ser exterminados.

Despeço.

Há uma meta. O chamado motivo maior. 
Aquela coisa para a qual você se preparou o ano todo, ou toda uma vida. Pode ser a primeira vez  na competição, ou algo que você tem feito nos últimos anos. A prova, o teste, a redenção.
Você se vestiu adequadamente, chegou cedo, observou cada espaço da sua pista, campo de batalha. Vê antigos  adversários, magrelos novatos. Gente que nunca ganharia de você.
O aquecimento inicia, seu corpo está em chamas, atônito.
Você pode sentir sua própria face ruborizada, não há por quê olhar para os lados, não é o que importa.

Frendeo.



Pois eu desejo sim que exista um deus, um bem justo. Eu sei que se ele existir, eu vou ser um dos que vão se dar muito mal. Mas sabe? Não to nem aí. Eu adoraria ver o que iria acontecer com vocês. Queria ver fogo, dor, sofrimento. Só pra vocês notarem a metade do que estão me fazendo passar. Bom, não é bem “o que” vocês estão me fazendo passar, isso eu agüento, é “o quanto” vocês estão me fazendo passar. É como com Prometeu, o que dói não é ter o fígado arrancado, e sim as inúmeras vezes em que isso acontece.

A mente escancarado de um Nefelibata.



Eu já não sei se escrevo porque gosto, ou se é por obrigação. Como todos os outros sentimentos que tenho, entram em uma espécie de eterno comodismo e começam a agir como uma engrenagem sem freios. Escrever esta se tornando tão trivial quanto um piscar de olhos e era isso que eu temia. Eu não consigo mais entender como essa coisa toda funciona, quando é que a gente se encontra novamente? É que tudo anda tão perdido, fora de forma, as coisas não estão mais nos mesmos lugares, as pessoas já não são as mesmas apesar dos mesmos rostos, os perfumes parecem ter ganhado cores, o céu tem mudado de cor mesmo continuando cheirando a azul, e a sinfonia de Beethoven  que parece ter ficado mais bonita com o tempo, vocês entendem? Nem eu, porque o que eu preciso dizer já nem é mais o que eu quero de verdade? Será que isso é loucura minha, será que isso tem cura?

Conversa Part. I



"Você usa tanto uma máscara que, acaba esquecendo de quem você é" - V de Vingança


Alberto – Olá, estais presente? Preciso falar-te!

Anderson - Oi Alberto, o que aconteceu?

. Estuação


A sensação não é das melhores. É como ler em um ônibus. Você fica tonto, mas dá pra controlar, até que a boca começa a ser preenchida por saliva e você tem a vaga sensação de que vai pôr tudo para fora, todo até que não foi ingerido. Não importa. Não se trata do coletivo, é sobre estar sozinho. Sobre enjoar de si e do resto do mundo, mas não é de se querer morrer, é só sobre ficar vagando no espaço cheio de corpos e vazio de alma, e procurar uma razão.
- não olhe para o eu ser morena, pois sou queimada de sol.
Eu não sei mais descrever, perdi. Nesse tempo em que o numero da casa das pessoas e o resto dos detalhes não importa eu me sinto meio perdida. Meio menos, meio a meio.

Jardins Suspensos.


Eu construí o primeiro avião. Briguei com meus pais. Sou pai. Tenho um irmão mais velho. Sou a ovelha negra da família. Minha avó morreu e ainda estou triste. Já cheguei em casa bêbado. Minha mãe me pegou no banheiro me masturbando. Minha mãe morreu e eu chorei no velório. Parei de estudar. Eu me formei bem novo. Acabou que me envolvi com pessoas erradas. Eu to namorando com uma garota e ela é linda. Já pensei em me matar mais de uma vez. Eu me dei mal no teste da faculdade. Também, aquele professor é maior filho da puta. Fui expulso de sala e nem tava conversando tanto! 

Sou fumante. Tenho asma. Meu pai trai minha mãe, mas eu não falo nada. Eu gosto de violência no sexo. Eu pretendo me casar. Amor pra mim é coisa de filme. Frequento muito o cinema. Tenho uma melhor amiga e ela é muito parecida comigo. Meu namorado acabou comigo, mas ainda gosto muito dele. Sei lá, eu me acho muito indecisa. Eu trabalho pela manhã e estudo a noite. Eu passei em todas as cadeiras nesse módulo. Ainda não estagiei, daí não posso pegar meu diploma ainda. Odeio café. Eu como pouco de manhã. Só escovo os dentes depois de tomar o café. Eu cansei de escutar reclamações da minha mãe! Pagar pensão é um estorvo. Porra, filho nunca faz o que a gente quer! Será que ele não sabe que só quero o melhor pra ele? Morrar com meus pais é uma merda, to cansado deles mandarem tanto. Horrível é ter irmão caçula, tudo vai pra ele! Ser caçula é uma droga, meu irmão só quer ser o maioral. Eu fumo maconha. Caralho! Esqueci o aniversário do meu melhor amigo. Comprei uma calça linda, mas será que vou caber nela? Acho que vou começar a malhar. Eu to com problemas de sáude. Meu pai morreu na minha frente. Eu já vi policiais batendo em inocentes. Já fui e vi tanta coisa. Eu sou cada um de nós.

Ainda sim, saber sorrir.


Serei teu abrigo, menino;
Proteger-te-ei da dor com o amor que há em meu corpo.
Serei teu cárcere e ao mesmo tempo o refugio que procuras.
Colocar-te-ei pra dormir, sempre que precisares, nos ciclos da saboneteira.
Guiar-te-ei pro caminho da verdade e da razão com exatidão.
Não cegarei teus olhos, tão pouco prenderei tuas asas.
Estarás sempre livre para ir onde quiseres.

Quatro Mulheres e Vários Destinos


Soberbo é admirar a falência da própria alma ao ponto de ver os traumas de sua mente, disse a Esperança. Interligadas por motivos fúteis aprenderam que o sentido dos erros era dar firmeza para as vertigens mais ásperas de um trágico mundo de amores miúdos. Muitos anos de convívio e cada uma decidiu tomar seu rumo, e ter como frase de vida que “os fins justificam os meios”. Uma delas segura, altruísta e ao mesmo tempo frágil, a Alegria, temia um dia ter que abandonar seu prazer mais singelo de declarar com inocência todo o afeto que tinha pela Discórdia, que aos poucos lhe atormentava com palavras de pura raiva e luxuria.

The Show Start


      Texto escrito por volta das quatro e meia da manhã, auxiliado por um copo de chá mate com limão gelado, uma posição confortável encontrada entre a mesa do meu instrumento de loucura e minha desconfortável cadeira barata, porém necessária. O titulo inglês para dar um ar mais sofisticado ou simplesmente por mero capricho, interprete como quiser. Já escrevi algumas coisas de fato irrelevantes mais precisas para o ato final, peço caro leitor que use um pingo de imaginação ao ler e quem sabe reler tal texto descrito das mais altas taxas de imaginação vinda de alguma parte do cérebro que desconheço o nome mais conheço como poucos sua utilidade.

Contra quem não podemos lutar.


Não adianta quantas vezes seja o melhor, condecorado ou o se esforce. Não é suficiente, não auto-suficiente. Incapaz, fraco. O mal de ser um “ser”, dependência, impotência unitária. Não sou seu, somos nossos. Pertencemo-nos, assim alcançamos o ápice. A importância não é dada bem ao dito número, e sim a comunhão brutamente. Orgulho e egoísmo são meras ilusões de grandeza, ensinadas apenas como um sorrateiro aparelho anti-revolta, um remédio de efeito placebo. O capitalismo é tão utópico quanto o socialismo, o poder nunca será centralizado nem dividido em igualdade. Todo ser é dependente de outro ser, assim como o próprio Deus é dependente dos humanos, como também é válida a inversão. A idéia de Deus é o que mantém o mundo equilibrado, estável. Os ensinamentos, as promessas, as ameaças e medos são o que mantém a simetria entre nascimento, crescimento e destruição. E sem nós, não haveria sequer a base da idéia de um deus. Tudo depende de todos e todos de tudo, como uma grande e velha engrenagem de benevolência, movida pelas mãos invisíveis do acaso e do destino. Onze de setembro, precisaram de nós mesmos para nos destruir.